Deputados do Parlamento Europeu pediram na tarde desta quinta-feira, 15, a suspensão imediata das negociações do acordo comercial entre a União Europeia e o Mercosul depois do assassinato da vereadora Marielle Franco, que aconteceu na noite da última quarta-feira, 14.
De acordo com um documento divulgado pelo jornalista Jamil Chade e endereçado a Federica Mogherini, vice-presidente da Comissão Europeia e responsável pela diplomacia do bloco, mais de 50 deputados protestaram contra o crime.
“Esse assassinato se produz em um clima de crescente violência no Brasil e em particular na cidade do Rio de Janeiro”, explicam os políticos. Para eles, a política de segurança do governo, “baseada essencialmente no aumento da presença de corpos policiais e militares (e que culminou na intervenção do Exército brasileiro), não fez mais do que agravar o clima de violência no país”.
Denunciamos en el Parlamento Europeo el brutal asesinato en Brasil de la activista y concejala del @PSOLOficial Marielle Franco, firme defensora de los derechos de las y los oprimidos #MarielleFrancoPresente #NaoFoiAssalto
A carta relembra que Marielle era relatora da comissão criada para fiscalizar a intervenção militar no Rio de Janeiro e ativista dos direitos humanos na cidade. “A defesa das populações oprimidas e discriminadas deve ser uma prioridade para a União Europeia. O assassinato de Marielle Franco pretende amedrontar os defensores dos direitos humanos, assim como influir nas eleições deste ano”, destacam os deputados.
Os signatários do documento pertencem ao Grupo da Esquerda Unitária Europeia e possui cerca de 7% dos assentos no Parlamento. Eles pedem que a comissão “suspenda as negociações comerciais, de forma imediata” e exija do Brasil “uma investigação independente, rápida e exaustiva que permita alcançar a verdade e a justiça”.
Entenda
O acordo de livre comércio entre o Mercosul e a União Europeia é negociado há quase duas décadas. Na noite de quarta-feira, 14, o presidente Michel Temer afirmou que ele deveria ser fechado em “um mês, um mês e meio, não mais do que isso”. “Falta apenas uma questão relativa ao setor automotivo do Brasil, que quer um período de transição para acolher o impedimento de novas taxas, enfim, novos tributos que pudessem recair ou não sobre o setor”, declarou Temer.