A Polícia Federal infomou que realiza mandados de busca e apreensão na manhã desta sexta-feira (20), para investigar supostos crimes de incitação à violência e ameaças contra a democracia.
Entre os alvos dos mandados estão o cantor Sérgio Reis e o deputado Otoni de Paula (PSC-RJ), ambos apoiadores do presidente Jair Bolsonaro.
Os mandados cumpridos pela PF foram autorizados pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), e incluem 29 endereços em Santa Catarina, São Paulo, Rio de Janeiro, Mato Grosso, Ceará e Paraná.
O pedido ao STF foi feito pela PGR (Procuradoria-Geral da República). Além de endereços do cantor e do deputado, outros alvos não informados pela Polícia Federal estão na mira da operação.
"O objetivo das medidas é apurar o eventual cometimento do crime de incitar a população, através das redes sociais, a praticar atos violentos e ameaçadores contra a Democracia, o Estado de Direito e suas Instituições, bem como contra os membros dos Poderes", informou a PF, em nota à imprensa.
Entenda
No último sábado (15), Sérgio Reis se tornou um dos assuntos mais comentados no país após anunciar, em vídeo, a organização de um acampamento em Brasília para defender o presidente Jair Bolsonaro e "salvar o Brasil".
"É uma coisa séria, um movimento clássico, sem agressões, sem nada. Queremos dar um jeito e movimentar esse país. Salvar o nosso povo", dizia o cantor.
"Estamos nos preparando judicialmente para fazer uma coisa séria, para que o governo e o Exército tomem posição."
Após a divulgação do vídeo, tornou-se público um outro registro do cantor, que chamou ainda mais atenção.
Em áudio de WhatsApp enviado a um amigo, Sérgio Reis fazia ameaças ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, e aos ministros do STF.
"Dia 8, vamos ao Senado... Eles vão receber um documento assim: vocês têm 72 horas para aprovar o voto impresso e para tirar todos os ministros do Supremo Tribunal Federal. Não é um pedido; é uma ordem!", dizia Reis no áudio, afirmando que iria acompanhado de dois líderes caminhoneiros e dois representantes do setor de soja.
"Se vocês não cumprirem em 72 horas, nós vamos dar mais 72 horas, só que nós vamos parar o país. Já está tudo armado. O país vai parar", afirmava. "E, se em 30 dias eles não tirarem aqueles caras, nós vamos invadir, quebrar tudo e tirar os caras na marra."
O áudio teve ampla repercussão negativa, sendo prontamente negado por líderes caminhoneiros e representantes do agronegócio, como o sojicultor Blairo Maggi, e deu origem a um inquérito conduzido no Distrito Federal.
O cantor ainda não se pronunciou sobre a operação desta sexta.